terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Por que se ataca a mulher Maria do Rosário?


A  pedido de Zero Hora, cientista política escreveu artigo opinativo sobre a ofensa de Bolsonaro a deputada

Por Telia Negrão*


Em dezembro de 1993, durante a Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena, as Nações Unidas adotaram uma declaração segundo a qual os direitos das mulheres e das meninas são direitos humanos. Acrescenta que a violência baseada no gênero, não importando a forma como se apresenta, é uma violação desses direitos, portanto passível de condenação por todos os estados-parte.

Embora para as mulheres não haja dúvida quanto ao seu pertencimento à humanidade, os tratamentos degradantes dados ao sexo feminino ao longo da história colocam em jogo sua dignidade. O Brasil como signatário dessa declaração, que segue anexada à Declaração Universal dos Direitos Humanos, obriga-se a cumpri-la, e sua política nacional é pautada pelos seus fundamentos.

Por óbvio que obter um consenso mundial de que os direitos humanos das mulheres e das crianças do sexo feminino constituem uma parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos universais, resultou de imensas lutas em todo o planeta. Sob a consigna de que "sem as mulheres os direitos não são humanos” organizações e movimentos feministas, inclusive brasileiros, arrancaram por assim dizer, das Nações Unidas, palavras que afirmassem ser a participação plena das mulheres, em condições de igualdade, na vida política, civil, econômica, social e cultural, aos níveis nacional, regional e internacional, bem como a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo/gênero, condições de humanidade.

Segundo a Declaração de Viena, a violência baseada no sexo da pessoa e todas as formas de assédio e exploração sexual, nomeadamente as que resultam de preconceitos culturais e do tráfico internacional, são incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser eliminadas. E afirma "isto pode ser alcançado através de medidas de caráter legislativo e da ação nacional e cooperação internacional em áreas tais como o desenvolvimento sócio econômico, a educação, a maternidade segura e os cuidados de saúde, e a assistência social”.

Apesar de sua existência, todos os dias olhamos para o apedrejamento de mulheres pelos talibãs, as balas direcionadas para meninas como Malala, nos indignamos com as violências cotidianas. Mas não se espera de uma instância máxima da democracia em nosso país uma violência tão grave quanto a que está sendo vítima uma lutadora pelos direitos humanos, com mandato parlamentar, por outro deputado. E reiteradamente.
São conhecidas as atitudes e a virulência desse parlamentar, de origem militar, contra todo o projeto que busca resgatar os fatos reais sobre a ditadura em nosso país. Ele tentou obstruir os trabalhos da Comissão da Verdade, desqualificando a ação da sociedade e do Estado, defendendo e protegendo torturadores.

Demonstra também sua afiliação ao conservadorismo extremo, que se nega a reconhecer a existência homossexuais, negros, mulheres, todos vistos como vagabundos, gente sem valor. Seu pertencimento às ideologias identificadas com o breviário fascista o aproxima a grupos nazistas, homofóbicos, batedores e estupradores de mulheres. Infelizmente, faz eco em parcela da sociedade que assim se posiciona. Aqui no Rio Grande do Sul também se elegeu um representante desse campo de ideias, e havia um tempo em que acreditávamos que a vedação constitucional de promoção de ideologia que viola os direitos humanos poderia impedir esses acontecimentos.

Mas por que Bolsonaro, esse é o nome de alguém tão inacreditavelmente pustulento em suas ideias, além de agredir Maria do Rosário, esse é o nome da deputada que defende os direitos humanos, a agride como mulher? Por que a desqualifica como tal? Por que a ameaça de estupro, dizendo-lhe, com outras palavras, "se quisesse a estupraria mas não o faço porque não merece”?
Lembrei-me de imediato de Silvia Pimentel, brasileira que integra o Comitê das Nações Unidas para a Mulher – Cedaw, autora de uma obra jurídica baseada em decisões judiciais sobre violência sexual no Brasil. O livro Estupro, crime ou cortesia, analisa a tese de um juiz do interior de São Paulo que absolve um estuprador sob a alegação de que, em sendo tão destituída de beleza, a violência sexual contra uma mulher não passa de uma cortesia!

Essa sentença que nos produz mal estar ao lê-la, não está distante do que afirmou Bolsonaro e vem motivando as campanhas de que "nenhuma mulher merece ser estuprada”. O corpo das mulheres é um território sagrado, como de todos os humanos, portanto, é inviolável, não é objeto, não é mercadoria, não é carne exposta ao consumo e que se escolhe de acordo com o aspecto.

A tese, de que as mulheres provocam o estupro por seus modos, suas roupas e disponibilidade seriam o aval da violação sexual, de alta legitimidade social, também nada mais é do que uma violação aos direitos humanos.
Bolsonaro, ao ameaçar e desdenhar de uma forte e linda mulher como a ex-ministra, tenta atingi-la naquilo que mais nos identifica como humanas e humanos, a nossa dignidade. Afetando-a e destruindo-a, abre o caminho para a derrota das ideias de democracia, de cidadania, de igualdade, de respeito, de tolerância, bases da convivência humana. Reafirma elementos da mais rude cultura patriarcal, que percebe as mulheres como pessoas de tão pouco valor na hierarquia social, a ponto de serem o mais simples objeto sexual. Ao colocar-se em tal posição, não percebe esse deputado que ele próprio se destitui da condição humana.

O que não se pode entender é como Bolsonaro, seus amigos no Congresso e seguidores em assembleias legislativas e câmaras de vereadores como vimos há poucos dias em Sergipe, continuam impunes para o todo e sempre. Violam por palavras e ameaças de estupro os fundamentos de nosso país e de nosso Estado.
A impunidade, nós sabemos, tem sido a maior inimiga das mulheres ao longo dos séculos. No Brasil se abusa da lei, mesmo daquela entre as dez mais conhecidas, a Maria da Penha. Muitos homens conhecem, muitos a odeiam e dela desdenham, seguindo-se o rumo de uma violência a cada 25 segundos.

Ameaça, calúnia, difamação, desqualificação, humilhação pela condição feminina, constituem violências de gênero explicitamente descritas na Lei Maria da Penha e também na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Eliminar a Violência Contra as Mulheres e na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação à Mulher – Cedaw. Como pode esse parlamentar desconsiderar esses mecanismos legais, ultrapassar a linha vermelha do respeito à dignidade humana? Para que servem a Constituição e os regramentos do decoro parlamentar?

Com base em todos esses fundamentos, integro uma parcela da sociedade que não admite convivência com fascistas, pois seus métodos impossibilitam a defesa de diferentes concepções de mundo. Estes que promovem matança de gays, que estimulam os estupros corretivos de lésbicas, que ajudam a matar a juventude negra, que odeiam nordestinos, e se pudessem transformavam as mulheres em seres desprezíveis, de acordo com a formulação que elaboram dessa metade da humanidade.

Maria do Rosário dispensou a solidariedade, exausta de tão atacada. Mas exige justiça e reparação. Para nós, justiça é a cassação do mandato de um deputado que ameaça de estupro, mas dispensa a vítima. É responder na justiça por violação aos direitos humanos. Reparação é a sociedade unir-se na defesa dos direitos humanos das mulheres, mantendo o desejo de justiça.

* Cientista politica e jornalista, Telia Negrão coordena o Projeto de Monitoramento da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação à Mulher (CEDAW) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a ONG Coletivo Feminino Plural. Também é pesquisadora associada do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Mulher e Gênero (NIEM) da UFRGS.


Fonte: Zero Hora

Disponível em www.adital.com.br 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Violência de gênero afeta saúde reprodutiva das mulheres.

Adital

As gravidezes não desejadas, infecções por transmissão sexual e os abortos espontâneos são mais frequentes nas mulheres que informam terem sido vítimas de violência em algum momento de suas vidas. Ante essa realidade, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS) difundiu um comunicado instando o setor da saúde — especialmente, os serviços de saúde sexual e reprodutiva — a envolver-se nas atividades dirigidas a prevenir e responder a violência contra a mulher.
"Esse é um problema de grande magnitude, com muitas implicações para a saúde”, afirma a doutora Carissa F. Etienne, diretora da OPS/OMS. "O setor da saúde tem um papel tanto na prevenção como na resposta”, assinalou e acrescentou que, para abordá-lo, também é necessário o envolvimento de outros setores. 
A violência contra a mulher continua sendo um grave problema de saúde pública nas Américas, onde uma de cada três mulheres experimenta durante a sua vida violência física ou sexual por parte do seu companheiro ou violência sexual por parte de alguém que não é seu companheiro, e onde 20% das mulheres informam terem sido vítimas de abuso sexual quando eram crianças. As mulheres jovens entre 15 e 19 anos de idade são as mais expostas ao risco de violência física ou sexual por parte do seu companheiro, e muitas delas indicam que sua primeira experiência sexual foi um ato que não buscaram ou que lhes foi imposto. 
Essa violência não só provoca lesões ou inclusive a morte, mas que ademais tem uma repercussão pouco reconhecida na saúde reprodutiva das mulheres, que se traduz em mais complicações na gravidez, assim como em gravidezes não desejadas, abortos espontâneos e infecções de transmissão sexual (ITS), incluído o HIV. Em alguns países das Américas, os níveis de gravidez não desejada são duas a três vezes maiores nas mulheres que informam terem sofrido violência nas mãos do seu companheiro, que naquelas que não passaram por isso. A perda de gravidezes é duas vezes maior nas mulheres que informam terem sido vítimas de violência, tanto que o risco de parto prematuro é 1,6 vezes superior.

Há estudos nos quais também se constata que a violência é uma causa importante de mortalidade materna. A violência infligida pelo companheiro foi a causa principal de morte materna — responsável por 20% dessas mortes — em três cidades dos Estados Unidos entre 1993 e 1998. Por sua vez, se comprovou que as hemorragias foram três vezes mais comuns nas grávidas vítimas de atos de violência em uma província do Canadá, em 2003. Entre 3% e 44% das grávidas na América Latina e Caribe informam terem sofrido atos de violência por parte do seu companheiro durante a gravidez. 

O papel do setor da saúde 

O papel do setor da saúde inclui entre outras cosas a coleta de dados sobre a prevalência de violência, que possam ser utilizados como insumo para a elaboração de políticas e a programação, e ao mesmo tempo capacitar seus trabalhadores a fim de que possam prestar uma atenção integral, sem emitir juízo algum para as sobreviventes da violência doméstica. Os trabalhadores da saúde deveriam de garantir às sobreviventes os serviços jurídicos e de apoio social. As estratégias de saúde pública deveriam incluir atividades dirigidas a mudar as normas sociais e os comportamentos vinculados à violência. 
Ademais, no caso das mulheres vítimas de agressão sexual, os serviços de saúde deveriam avaliar sua necessidade de profilaxia contra o HIV ou as ITS, colocar à sua disposição meios anticonceptivos de emergência, oferecer abortos sem risco de conformidade com as leis nacionais (nos casos em que uma mulher chega aos serviços de saúde, quando já é demasiado tarde para a anticoncepção de emergência ou se esta fracassou) e proporcionar apoio em saúde mental.


Disponível em: www.adital.com.br 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Assessoria ao Espaço Viva Mulher busca aproximação aos espaços de prostituição em Feira de Santana

O trabalho de assessoria junto ao Espaço Viva Mulher na cidade de Feira de Santana vem atingindo uma nova etapa. A fim de garantir ainda mais aproximação às mulheres em contexto de prostituição, o trabalho tem buscado utilizar de instrumentos facilitadores como a aproximação as áreas de prostituição onde é possível encontrar um bom número de mulheres.
A primeira visita garantiu uma primeira aproximação tanto das mulheres quanto da realidade do local, com suas características e estrutura. A boa receptividade já garantiu o agendamento conforme solicitação das próprias mulheres de um espaço de formação para tratar do tema das Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Apesar de ser em outra cidade, quando parte das mulheres encontradas são oriundas da cidade de Salvador e desejaram obter informações de como acessar esse espaço, para serviços como encaminhamentos médicos e atendimento psicológico que foram as maiores solicitações.

Nesse ínterim que o caminho vem sendo construído e fortalecido a cada dia, principalmente por entender que cada dia a missão do Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor de trabalhar com as mulheres em situação de prostituição deve se fazer presente em mais lugares!

Acontece 6º Encontro das Cirandas


O encontro teve como tema a Violência contra a Mulher e foi mediado por Amélia Araújo que é Assistente Social do Distrito do Centro Histórico – SMS. 

Através de uma dinâmica lúdica a temática foi trazida e discutida com maestria e interação das pessoas presentes, entre elas representantes do Centro de Convivência Irmã Dulce dos Pobres, discentes das Faculdades Dom Pedro II, UNIRB, UFBA, UNIME, entre outros participantes.Este espaço de encontro tem fortalecido as parcerias da Unidade e trazido formação sobre temas de relevância social, ampliado assim as discussões centrais da nossa ação de trabalho junto a rede assistencialista.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Força Feminina realiza 5º- Encontro das Cirandas Parceiras


No dia 27/08 a partir das 14 hs aconteceu na Unidade Força Feminina o quinto encontro das Cirandas Parceiras. Este é um espaço do encontro, fortalecimento das Instituições parceiras da Unidade e formação sobre temas de relevância social. Durante os meses fevereiro, março, abril e julho foram realizados quatro encontros sendo os temas: Prostituição e Gênero, Impactos da Copa no Brasil e na cidade de Salvador, Exploração de Gênero no desenvolvimento do Turismo e tráfico de pessoas. Neste mês de agosto o tema de debate foi: Conquistas e vivências das Transexuais tendo como debatedora e assessora Paulett Furacão, coordenadora da LGBT.

O encontro proporcionou um rico espaço de diálogo e questionamento acerca do respeito às Lésbicas, Gays, transexuais, travestis e bissexuais. E mais do que o respeito a um grupo ou outro o encontro proporcionou um espaço diálogo no sentido de questionar as formas discriminatórias e preconceituosas como muitas vezes se olha uma realidade ou uma pessoa diferente.  As diferenças estão presentes em todas as pessoas e culturas. Paulett Furacão chamou atenção a respeito destas questões e motivou o grupo a refletir estes temas buscando sempre desconstruir estigmas e preconceitos.

Dentre as várias Instituições presentes no encontro vale ressaltar a forte presença de estudantes de várias Faculdades de Salvador. A seguir destacamos:

                    Mulheres atendidas pela Unidade
                    Cáritas Regional NE3
                    Centro de referência Irmã Dulce dos Pobres
                    Comunidade Marta e Maria
                    Estudantes das Faculdades: Jorge Amado, Unijorge, Dom Pedro II, Unime, Unirb, Estácio FIB, UFBA
                    SETRE (Secretária do trabalho, emprego, renda e esporte)
                    Secretária de Justiça e Direitos Humanos
                    Distrito Sanitário de Saúde
                    Movimento de população de Rua
                    Representantes das Pastorais Sociais
                    Coordenação da LGBT








Força Feminina discute o tema da prostituição em Rádio Itapoan FM


Com o objetivo de promover espaços e meios de comunicação para que a Sociedade Civil e Instituições governamentais e não governamentais conheçam a realidade das mulheres, a Unidade Força Feminina esteve na Rádio Itapoan para uma entrevista no dia 21 de agosto abordando a temática da prostituição, os desafios encontrados pelas mulheres nesta realidade e a regulamentação da prostituição.


 De um lado estava a ex-garota de programa Adriana Piazza, atual representante do site Elite Girl- uma revista digital que anuncia trabalhadores do sexo; e do outro Fernanda Priscila Alves, coordenadora do projeto Força Feminina, que acolhe mulheres em situação de prostituição buscando promover a reintegração social. O debate aconteceu das 18 hs às 19 hs e teve a mediação do apresentador Zé Eduardo. A transmissão pode ser conferida pelo do site http://www.itapoanfm.com.br.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Equipe da Unidade Força Feminina realiza Formação sobre o tema “CRIME DE AMEAÇA”.


No dia 12/08/2014, foi realizada uma Formação referente ao crime de ameaça previsto no Artigo 147 do Código Penal Brasileiro, para toda a equipe da Força Feminina, a fim de capacitar os Educadores e orienta-los como agir em relação a este crime.

A formação foi realizada por Isadora Muniz- Secretária da Força Feminina que está no 9º semestre do curso de Direito, onde a mesma explanou todos os tipos de ameaças, sujeitos e características do crime, e como proceder no caso de uma                                                               ação penal pública condicionada.

 O espaço foi de extrema importância para todos da equipe, onde tiraram dúvidas em relação ao assunto explanado. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Unidade Força Feminina em comunhão com a Congregação celebra 150 anos de caminhada Oblata

Iniciando o mês de julho e em comunhão com toda Família Oblata a Unidade Força Feminina neste Tempo de celebrar, bendizer e agradecer realizou uma celebração junto às mulheres atendidas comemorando a caminhada de 150 anos de partilha e história das Irmãs Oblatas.

Fazendo uma memória do caminho desde Madre Antônia e Padre Serra e também das Irmãs e mulheres que já passaram pela Unidade recordou-se o início da Congregação e os primeiros passos dados. Foi feita memória também de tantas Irmãs Oblatas que já passaram pela Unidade assim como mulheres que trilharam esta estrada.

Com o canto “Caminheiro você sabe não existe caminho, passo a passo, pouco a pouco e o caminho se faz” as mulheres e equipe foram agradecendo pelo caminho que cada uma vai trilhando e pelo caminho que a Congregação vem fazendo.


Além de celebrar 150 anos de caminhada da Congregação a Unidade celebrou também o dom da vida de Ir. Ivoni Grando agradecendo pela sua vida e presença nesta caminhada. 


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Pacientes com AIDS começam a receber medicamento três em um

Por Luciano Demetrius

O novo tratamento será disponibilizado, primeiramente, aos pacientes do Rio Grande do Sul e do Amazonas, estados com maior incidência da doença
O Ministério da Saúde iniciou a oferta da dose tripla combinada, o chamado três em um, dos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). Atualmente, esses fármacos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e consumidos, separadamente, pelos pacientes portadores de HIV e Aids. O novo tratamento será ofertado, em um primeiro momento, para dois estados que possuem as maiores taxas de detecção. A dose fixa combinada será disponibilizada gradativamente aos demais estados do país. 

O principal ganho com o novo medicamento antirretroviral está na redução do número de pacientes que deixam de dar continuidade ao tratamento. Isso porque a disponibilidade das três composições em um único comprimido facilita a ingestão, permitindo boa adesão ao tratamento e durabilidade do esquema terapêutico.
Essa combinação de medicamentos integra o Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids do Ministério da Saúde, publicado em dezembro de 2013, e será disponibilizado como tratamento inicial para os pacientes soropositivos. Considerado um importante avanço, o Brasil passa a garantir o tratamento três em um, a exemplo de países como Estados Unidos, China e África.

Cenário
De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV-Aids, em 2012, o Rio Grande do Sul apresentou a maior taxa de detecção do país, com 41,4 casos por 100 mil habitantes, e o Amazonas 29,2. A taxa de detecção do Brasil é de 20,2 registros da doença.Em dezembro de 2013, o Ministério da Saúde passou a garantir a todos os adultos com testes positivos de HIV, mesmo que não apresentem comprometimento do sistema imunológico, o acesso aos medicamentos antirretrovirais contra a Aids pelo SUS. A medida também integra o novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids.
Desde o início da oferta do antirretroviral no SUS, há 17 anos, 313 mil pessoas foram incluídas no tratamento. Com o novo protocolo, o Ministério da Saúde passou a disponibilizar os medicamentos a mais 100 mil pessoas, apenas em 2014. Isso significa um aumento de 32% no número de pacientes vivendo com HIV com acesso ao antirretroviral.
A rede de assistência conta hoje com 518 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), 712 Serviços de Assistência Especializada (SAE) e 724 Unidades de Distribuição de Medicamentos (UDM). Gradualmente, as Unidades Básicas de Saúde estão sendo incorporadas no atendimento aos pacientes vivendo com Aids e HIV.

Agência Saúde
Portal de Notícias do Ministério da Saúde

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Artigo: Autoconhecimento: a procura de si mesmo

Fernanda Priscila Alves da Silva


A atualidade nos apresenta diversos problemas que são denominados: infelicidade, incapacidade para tomar uma decisão referente às escolhas que devem ser feitas, desespero generalizado, falta de objetivo na vida e assim por diante. Neste contexto a busca de conhecer a si mesmo torna-se cada vez mais um grande desafio.

De acordo com as reflexões trazidas por Bauman o período atual marcado pela globalização não deve ser analisado apenas sob o ponto de vista econômico, mas também e fundamentalmente sobre seus efeitos na vida cotidiana. Em sua perspectiva, esta sociedade tem tornado incertas e transitórias as identidades sociais, culturais e sexuais. Por isso, a reflexão acerca da identidade, do autoconhecimento, da procura de si mesmo tem sido de grande relevância por um lado e de grande desafio por outro.

Rollo May, um dos maiores psicanalistas do século XX, mostra em suas obras que o problema fundamental do ser humano no fim do século XX, e posteriormente no século XXI é o vazio. Ele expressa que isto não significa apenas que as pessoas ignorem o que querem ou desejam, mas frequentemente não tem ideia do que sentem.

Quando falam sobre autonomia, ou lamentam sua incapacidade para tomar decisão - dificuldades presentes em todas as épocas - torna-se logo evidente que seu verdadeiro problema é não ter uma experiência definida de seus próprios desejos e necessidades. Oscilam desse modo para aqui e para ali, sentindo-se dolorosamente impotentes porque ocas vazias. O que as leva a buscar ajuda talvez seja, por exemplo, o fato de romperem sempre seus relacionamentos amorosos, ou não conseguirem concretizar seus planos.[1]

Em seus estudos May, mostra que a situação mais nítida de uma vida vazia é a das pessoas que habitam os grandes centros urbanos, que se levantam à mesma hora todos os dias, tomam o mesmo ônibus, encontram as mesmas pessoas, executam as mesmas tarefas, almoçam nos mesmos restaurantes, voltam para casa nos mesmos ônibus, ou sejam, levam uma vida rotineira  e mecânica.  A sensação de vazio apresenta muitas vezes a incapacidade para fazer algo de eficaz a respeito da própria vida e do mundo em que vivemos. Erich Fromm observou que neste contexto as pessoas deixaram de viver sob a autoridade da Igreja ou de leis morais, mas se submetem a “autoridades anônimas”, como por exemplo, a opinião pública a mídia de modo geral. Basta que observemos como acompanhamos ou nos deixamos acompanhar, curtir, comentar, compartilhar informações nas redes sociais[2].
No presente contexto outra característica que se apresenta é a solidão. Assim, a sensação de vazio e a solidão andam juntas. Quando por exemplo uma pessoa fala do rompimento de uma relação amorosa raramente fala da tristeza ou da perda, mas sim de um sentimento de vazio, ou seja, a perda parece “deixar um buraco”.

A sensação de isolamento ocorre quando a pessoa se sente vazia e amedrontada, não apenas porque deseja sentir-se protegida da multidão, como um animal selvagem se resguarda vivendo em bandos. A ânsia pela proximidade dos outros não é também um simples desejo de preencher o vácuo interior, embora esta seja, com certeza, uma faceta de necessidade de companheirismo humano de que se sente ansioso. O motivo mais fundamental é que o ser humano adquire sua primeira experiência do self no relacionamento com seus semelhantes e quando está sozinho, desligado de outras pessoas, teme perder esta experiência[3].

Para além do vazio e a solidão outros elementos surgem como desafios no contexto atual sendo eles: a ansiedade, a depressão, o individualismo, a sociedade “fluida” como aponta Bauman, a competitividade, entre outros. Diante desta realidade a construção da identidade ou ainda o reconhecimento da identidade, o processo de autoconhecimento o que pressupõe perguntas relacionadas ao sentido da vida, da existência, da morte ficam cada vez mais fragmentadas. Nos séculos passados, pertencer a uma comunidade ou a um grupo eram elementos que andavam juntos com a questão da identidade, ou seja, o fato de fazer parte de uma determinada comunidade ou grupo mostrava de certa forma quem cada pessoa era. Atualmente, percebe-se que “pertencimento” e “identidade” não tem a solidez que antes tinha e por isso não são garantias de toda uma vida.

Em nossa época liquido moderna, o mundo a nossa volta está repartido em fragmentos mal coordenados, enquanto as nossas existências individuais são fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados. Poucos de nós, se é que alguém, são capazes de evitar a passagem por mais de uma “comunidade de ideias e princípios”, sejam genuínas ou supostas, bem integradas ou efêmeras, de modo que maioria tem problemas em resolver a questão da La mêmete (a consciência e continuidade de nossa identidade com o passar do tempo)[4].

Naquele contexto era possível falar em uma sociedade de conhecimento mútuo, ou seja, no seio de uma comunidade ou de uma rede familiar o lugar de cada pessoa era evidente e, portanto impassível de ser questionado. No mundo liquido moderno por outro lado, buscamos, construímos e mantemos as referencias de nossas identidades em movimento, ou seja, em uma luta constante para nos juntarmos aos grupos que também estão em movimentos. As respostas às perguntas sobre a essência da vida, sobre quem somos concretiza-se ou não neste movimento.

A ausência de sentido, o vazio, a solidão tem caracterizado este mundo diante de questões como a vida, o seu sentido, a morte. Distante de tradições milenares ou de leis morais, que eram marcadamente expressão da solidez da sociedade passada o mundo que nos rodeia não nos ensina a vivenciar um processo de autoconhecimento, tampouco de compreender a vida ou a morte. Em uma das conferencias realizadas por Maurice Zundel ele expressa: “O que fazemos da nossa vida? Estamos à procura de nós mesmos, fugimos de nós, reencontramo-nos de forma intermitente e nunca chegamos a fechar o circulo, a definir-nos a nós próprios, a saber quem somos... não temos tempo, a vida passa tão depressa, estamos absorvidos pelas preocupações materiais ou por diversões...”[5]

A busca pelo conhecimento de si mesmo, da identidade não parece ter sido a tarefa e a preocupação de nossos contemporâneos. Entretanto, autores como Jean Yves Leloup e Marie de Hennezel tem suscitado o convite a este movimento. Desse modo, estes autores apontam a reflexão acerca da espiritualidade como elemento importante neste processo de compreensão de temas acerca da vida, da existência e da morte. A espiritualidade, segundo a perspectiva destes autores é entendida como “algo que faz parte de todo o ser que se questiona diante do simples fato de sua existência. Diz respeito à sua relação com os valores que o transcendem, seja qual for o nome que lhe atribua”[6].

Conhecer-se é um processo que começa na infância e se prolonga por toda a vida. Tal processo é vivenciado por cada pessoa de maneira única, assim, o autoconhecimento e a procura de si mesmo são diferentes para cada um e cada uma. Alguns autores mostram que este processo de desenvolvimento apresentam fases que poderíamos denominar como fases ou etapas comuns. Entretanto, a forma como cada pessoa em sua singularidade vai construir, fazer, refazer é única e intransferível.

É possível afirmar que o processo de tornar-se pessoa, de conhecer-se é ao mesmo tempo uma experiência simples e profunda na vida do ser humano. Neste processo, o convite é que o ser humano possa ser sempre mais e por isso a necessidade central da vida se encontra na realização das potencialidades. Assim sendo, quanto se explora as potencialidades das quais cada um é capaz mais se sente a profunda alegria de ser quem se é. A pergunta constante: “Quem sou eu?” caminha ao lado do que significa viver, do que significa compreender o sentido da vida.

A espiritualidade neste processo tem um papel importante, pois ela pode ser “aquele passo a mais” que pode ser dado no processo de autoconhecimento. Segundo Hennezel e Leloup, “dar um passo a mais na aceitação da minha fadiga, na aceitação de meus limites, limites de minha inteligência, de minha incompreensão, diante do sofrimento”, isto significa a busca constante do entendimento de quem somos. No mundo em que vivemos diante do vazio, da solidão, do não pertencimento a uma comunidade especifica; a busca constante em dar este passo a mais, a busca em se conhecer aprofundando o sentido da vida significa a possibilidade de uma vida mais integrada ainda que em um mundo líquido moderno.

Referências bibliográficas
BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005
HENNEZEL, Marie de; LELOUP, Jean-Yves. A arte de morrer: Tradições religiosas e espiritualidade humanista diante da morte na atualidade. Tradução de Guilherme de Freitas Teixeira. Petrópolis, Vozes, 2012.
MAY, Rollo. O homem a procura de si mesmo. Petrópolis, Vozes, 2012.



[1] MAY, Rollo. O homem a procura de si mesmo. Petrópolis, Vozes, 2012, p. 14.
[2] MAY, 2012, p. 22.
[3] MAY, 2012, p. 24.
[4] BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005, p. 19.
[5] HENNEZEL, Marie de; LELOUP, Jean-Yves. A arte de morrer: Tradições religiosas e espiritualidade humanista diante da morte na atualidade. Tradução de Guilherme de Freitas Teixeira. Petrópolis, Vozes, 2012, p. 17.
[6] HENNEZEL, Marie de; LELOUP, Jean-Yves, 2012, p. 18. 

Força Feminina no Programa Chão e Paz

No mês de junho a Unidade Força Feminina concedeu uma entrevista ao Programa Chão e Paz, da Arquidiocese de Salvador. O Programa vai ao ar no próximo dia 14/07.

Neste Programa é apresentado a história da Unidade Força Feminina,assim como as ações que vem sendo desenvolvidas, os avanços e os desafios que a realidade apresente. Ir. Pilar concede entrevista e fala da presença Oblata na cidade de Salvador e Fernanda Priscila fala das ações da Unidade e do compromisso com as mulheres em situação de prostituição. Também participa da entrevista uma das mulheres atendidas pela Unidade e fala dos desafios enfrentados no cotidiano.


No ano de 2010, quando a Unidade comemorou 10 anos de presença na cidade de Salvador enquanto sede o Programa já feito uma reportagem e neste ano de 2014, ou seja, quatro anos depois retorna para falar da Unidade e das ações. Este retorno demonstra o compromisso e a credibilidade da Pastoral de Comunicação com o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Unidade Força Feminina.

Tráfico de Pessoas: O ser humano está à venda?


Adital

Conforme recentes estimativas, cerca de trinta milhões de pessoas no mundo são vítimas de tráfico humano. Trata-se de homens, mulheres, crianças e adolescentes submetidos a trabalho forçado, exploração sexual, adoção ilegal, remoção de órgãos ou outra forma de atividade compulsória (por exemplo, mendicância ou matrimônio forçado). Esses seres humanos são tratados como objetos, reduzidos a mera mercadoria ou instrumentos de produção, encobrindo assim sua subjetividade, seus diretos e sua dignidade de ser humano.
O tráfico humano não é uma peculiaridade da época contemporânea. A história do Brasil e da humanidade nos ensina que sempre houve pessoas traficadas ou escravizadas. No entanto, se no passado a legitimação da escravidão estava relacionada com fatores bélicos (prisioneiros de guerra), étnicos, raciais, sexistas ou econômicos (escravos por dívida), na atualidade, após a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) da ONU ("Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, "Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas”), como justificar a comercialização de seres humanos?
A difusão do Tráfico de Pessoas no contexto contemporâneo revela, em primeiro lugar, que os princípios da DUDH ficaram no papel e ainda não foram assimilados pelas sociedades contemporâneas. Muito pelo contrário, a recente globalização de cunho neoliberal, apesar das declarações oficiais sobre direitos humanos, sustenta e promove, de forma direta ou indireta, uma generalizada hegemonia do mercado enquanto critério valorativo e avaliativo do ser humano e de sua dignidade. Nesta perspectiva - como insiste reiteradamente ZygmuntBauman (2008) - a pessoa é avaliada a partir de sua capacidade de consumir ou, de forma mais ampla, de se inserir nas dinâmicas do mercado. Isso traz duas importantes consequências: a dignidade não é algo relacionado com o nascimento, conforme a DUDH, mas é algo a ser alcançado ou aprimorado mediante a inserção nas lógicas do mercado; quem não é consumidor ou produtor, torna-se mera mercadoria ou, então, massa sobrante.
Embora qualquer pessoa possa ser vítima de tráfico para fins de exploração sexual, remoção de órgãos ou trabalho escravo, não há dúvida de que na maioria dos casos as vítimas fazem parte dessa assim chamada "massa sobrante” de pessoas. Trata-se de homens e mulheres que buscam desesperadamente garantir a própria sobrevivência biológica e social e que, por engano ou necessidade, acabam envolvidos em redes de tráfico.
Nesse grupo devemos incluir também milhões de seres humanos que trilham os caminhos da migração como fonte de esperança e emancipação. No entanto, as recentes e generalizadas restrições das políticas imigratórias os obrigam, com frequência, a recorrer ao auxílio de atravessadores que, às vezes, não se limitam a facilitar o ingresso nas terras de destino, mas recrutam os migrantes para redes de tráfico de pessoas. Assim, o sonho da migração se transforma em pesadelo.
Resumindo, na sociedade contemporânea, o tráfico de pessoas se configura como ponta de iceberg de uma realidade social em que as relações humanas são viciadas e manipuladas pela lógica do mercado, sendo a dignidade do ser humano quantificada a partir de seu valor de uso e de troca. A comercialização de seres humanos constitui o caso mais grave de um processo de coisificação (ou reificação) inerente à lógica do capitalismo contemporâneo, que tende fisiologicamente a mercantilizar o sujeito, derrubando, assim, a conhecida distinção kantiana entre "o que tem preço” (as coisas) e "o que tem dignidade” (os seres humanos). No fundo, não se pode estranhar, como sugere Michelle Becka, se "numa sociedade onde a reificação é cotidiana, se favoreçam formas extremas de reificação – como o comércio de mulheres” (2011, p. 83).
Assim sendo, o enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, além dos tradicionais eixos da prevenção, repressão e atendimento às vítimas, deve incluir também: a luta contra todo tipo de coisificação/reificação do ser humano, que nada é mais do que o respeito pelos princípios básicos da DUDH. Tal luta deve abranger qualquer âmbito da vida social e não apenas os casos específicos e mais graves de tráfico de pessoas. Em outros termos, há necessidade de uma "cultura” alternativa à lógica reificante e consumista do capitalismo neoliberal.
Em segundo lugar, levando em conta que a maioria das pessoas traficadas é composta por migrantes ou indivíduos que almejam emigrar, o enfrentamento ao tráfico passa por políticas migratórias menos restritivas, que permitam aos emigrantes evitar o recurso a atravessadores. Fica bastante incongruente a política de determinados países que denunciam publicamente o tráfico de pessoas e, ao mesmo tempo, militarizam as próprias fronteiras.
Finalmente, a luta contra o tráfico é, também, senão principalmente, a luta pela justiça social: as situações de vulnerabilidade social das vítimas acabam sempre facilitando a ação dos recrutadores. Qualquer pessoa em situação desesperada tende a tolerar condições de trabalho indignas ou aceitar propostas arriscadas de emprego. O enfrentamento ao tráfico, portanto, deve ser interpretado e planejado no interior de um compromisso mais amplo por uma sociedade mais justa, participativa, solidária e igualitária. Não há outra opção, a não ser a barbárie.
[Por Roberto Marinucci é membro do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios]

Referências Bibliográficas:
BAUMAN, Zygmunt (2008). Vida para consumo: a transformação de pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
BECKA, Michelle (2011). Comércio de mulheres e reificação, em: Concilium, n. 341 (2011/3), p. 83.
DIAS, Guilherme Mansur e SPRANDEL, Márcia Anita (2011). Reflexões sobre políticas sobre migrações e tráfico de pessoas no Brasil. In: REMHU, Rev. Interdiscipl. Mobil. Hum., ano XIX, n. 37, jul./dez., p. 59-77.
Roberto Marinucci
Pesquisdor do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios – CSEM

Força Feminina realiza Monitoria em clima de São João



Durante os dias 12 e 13 de junho a Unidade Força Feminina realizou sua monitoria que tem como objetivo ser um espaço de coleta de dados referentes ao Projeto até o presente momento e identificar quando as coisas não estão andando corretamente, assim como se será necessária reconfiguração no Plano de ação.

O espaço foi de extrema importância para a Unidade que fez o levantamento de quais ações vem sendo eficazes e quais devem ser qualificadas para alcançar as metas estabelecidas no início de 2014. Em relação ao Projeto de Abordagem verifica-se um aumento durante os meses de janeiro a abril que foram graduais assim como duas novas áreas de atuação da Unidade, estando entre estas duas à atuação em Feira de Santana que além do assessoramento ao Espaço Viva Mulher que a Unidade já vinha realizando desde o segundo semestre de 2013 agora assume a abordagem social junta a esta realidade. Os gráficos a seguir demonstram o crescente na Abordagem:

Em relação ao Projeto de Acolhida a Unidade termina o semestre com um total geral de 895 atendimentos e um total de 62 mulheres que passam pela Unidade com assiduidade e vem sendo acompanhadas de forma gradativa. O gráfico abaixo representa os dados em relação ao Projeto de Acolhida:

Ainda em relação ao Projeto de Acolhida vale pontuar que a atividade Cantinho da Beleza teve durante o processo um grande resultado sendo um espaço onde as mulheres falam de suas histórias com liberdade, fortalecem a autoestima, crescem no processo de cooperação umas com as outras e no respeito mútuo.
No que tange a especificação Assessoramento e ao Projeto Fortalecimento do protagonismo a Unidade reconheceu que atividades como as Formações precisam ser melhoradas no sentido de fortalecer este espaço, por outro lado os espaços de Rodas de Conversa que tem como objetivo discutir temas referentes a gênero, prostituição e violações dos direitos das mulheres vem crescendo e sendo reconhecido como espaço de partilha das mulheres e fortalecimento de sua cidadania. Outro grupo importante neste projeto é o Grupo Renascer (composto por cinco mulheres da Unidade) e tem como objetivo ser um espaço de protagonismo, articulação e fortalecimento da cidadania. Este espaço conta com a presença das mulheres que se responsabilizam pelo próprio processo, começam se inserir em outros grupos e se articulam no processo de movimentos e lutas sociais.
Estes e outros elementos foram tratados na Monitoria assim como o tema do fortalecimento das parcerias, projeto de Comunicação e Institucional e a partir deste percebe-se a Unidade como referência no que tange ao trabalho junto à mulher em situação de prostituição na cidade de Salvador. O espaço das Cirandas Parceiras (encontro de formação e articulação de Instituições parcerias) foi apontado como elementos novo neste ano de 2014 e como uma ação eficaz no sentido de agregar instituições parceiras e sensibilizar a sociedade sobre a realidade da mulher.

A Unidade termina o momento de monitoria agradecida pelo caminho feito até e confiante na possibilidade de retomar e reconfigurar caminhos que precisam ser reconfigurados. Em clima de São João a Unidade termina o momento no movimento de uma dança que recomeça a partir daqui!!!