quinta-feira, 27 de abril de 2017

“Fui com uma mala cheia de sonhos”: Assim brasileiras são transformadas em escravas sexuais na Espanha

Carla, que hoje é agente social, conta como conseguiu escapar da máfia que a forçava a trabalhar como prostituta em Madri e Sevilla

Carla levou uma semana para ser informada de que não trabalharia como babá. Nem com idosos. Tampouco faria faxinas, como lhe haviam dito. Não. Teria que se prostituir. Comunicaram isso sem meias palavras. Intimidaram-na. Ameaçaram fazer mal à sua família. E ela tinha motivos para acreditar. Muitos. Tinham, sob algum pretexto, retirado seu passaporte brasileiro assim que aterrissou na Espanha, e ela agora estava num país desconhecido, à mercê de pessoas que antes acreditava que iriam ajudá-la. “Eu estava fazendo faculdade, fiquei sem trabalho e uma amiga me ofereceu a possibilidade de vir trabalhar no serviço doméstico durante seis meses para juntar um pouco de dinheiro. Achei que seria um período duro, mas que superaria. Quando cheguei, a realidade era bem diferente. Nunca acreditei que isso poderia me acontecer. Eu achava que tudo aquilo que se contava sobre mulheres enganadas era mentira”, diz, com o semblante carregado. Tinha 23 anos.
A brasileira ficou por algumas semanas em um apartamento de Madri frequentado por homens que queriam sexo em troca de dinheiro. Depois, em Portugal. Em Sevilha (também na Espanha). E de volta à capital espanhola. Sempre em apartamentos, como muitas das mulheres extracomunitárias sem documentos. Quanto mais afastado da vista pública, melhor. “Não podia sair sozinha. Controlavam tudo. É o que as redes fazem até te adestrarem. Até estarem seguros de que você não irá fugir. Você fica aterrorizada”, frisa Carla (nome fictício, como todas as mulheres que falam nessa reportagem para proteger sua identidade). Esteve nessa situação por mais de um ano. “Vim com uma mala cheia de sonhos e caí em um buraco do qual não acreditava que existisse saída”, diz alisando o rabo de cavalo que prende seus cachos escuros. Ela encontrou.
"Eu achava que tudo aquilo que se contava sobre mulheres enganadas era mentira"
Carla, uma mulher séria, eloquente, com voz grave e que tem sotaque suave quando fala espanhol, hoje ajuda outras mulheres a escaparem das máfias. É agente social na organização especializada APRAMP e uma das mediadoras que ajudam a identificar as vítimas dessa chaga e que as acompanham para que possam refazer suas vidas. “Somos sobreviventes do tráfico sexual e contamos a elas que se nós conseguimos sair, elas também conseguem”, diz. São 12 na equipe. Existem romenas, brasileiras, paraguaias, nigerianas e dominicanas; as principais nacionalidades das mulheres que chegam à Espanha para serem exploradas sexualmente, de acordo com os dados das autoridades. Quando conseguem sair da rede criminosa que as trouxe começa sua recuperação. E o processo, conta Carla, é duríssimo. “É preciso recuperar hábitos perdidos. É preciso voltar a aprender quase tudo, porque quando nos trazem nos anulam completamente como pessoas, física, psicológica e economicamente”, diz a mediadora.
Tempos depois de escapar da máfia que a escravizou, quando estava preparada, Carla contou tudo a sua família. “É parte do que sou agora. Não tenho vergonha”, diz. A brasileira lembra como se fosse ontem o dia em que conseguiu fugir. O dia de seu “resgate”. Uma mediadora da APRAMP, como ela é hoje, procurava indícios de que era uma vítima de tráfico sexual e um dia falou com ela. “Ela me disse que eu poderia ter uma vida diferente, que não precisaria estar ali. Recebi um número de telefone para emergências ativo 24 horas e um dia, em que havia recebido uma tremenda surra e acreditava que a próxima iria me matar, liguei para que me resgatassem. Não é fácil porque você está ali por sete ou oito meses, deixa de acreditar em você mesma e nas pessoas. E quando vê que aparece outra pessoa com promessas pensa que não irá cumpri-las. Mas eu estava tão desesperada. Chegou um determinado momento de minha vida em que eu havia esquecido meu nome, os motivos pelos que vim. Não aguentava mais”, conta.
Brasileiras, romenas, paraguaias, nigerianas e dominicanas: essas são as principais nacionalidades das vítimas de tráfico sexual na Espanha
A APRAMP ativou seu dispositivo de resgate e Carla foi levada a um apartamento protegido onde começou a terapia psicológica e onde recebeu a oferta de apoio legal. Na Espanha, diz Rocío Nieto, presidenta da organização que ajudou Carla, a assistência às vítimas de tráfico sexual está majoritariamente nas mãos de organizações como a sua e o Projeto Esperança, com apartamentos em 15 cidades aos quais chegam as mulheres que estavam sob custódia das forças de segurança e onde recebem cuidados médicos, aulas de espanhol, oficinas. Isso se forem identificadas como vítimas de tráfico sexual, algo que nem sempre acontece. Essa falha no sistema permitiu que mulheres nessa situação fossem detidas nas ruas e internadas nos CIE, como denuncia uma investigação da Women’s Link Worldwide e como alertou a Defensoria Pública. E que recebessem multas por “exibição obscena do corpo” por prostituírem-se nas ruas.
Carla foi identificada como vítima de tráfico sexual. Uma vez a salvo começou a fazer cursos para manter-se ocupada e ter uma formação para conseguir trabalhar. Estudou para ser auxiliar de geriatria e cuidou por um tempo de uma idosa que hoje considera como parte de sua família. Quando teve condições, começou a formação como agente social para se tornar mediadora.
Enquanto a brasileira conta sua história na sede de Madri, em um dos bairros com mais prostituição de rua, sete sobreviventes fazem um exercício de relaxamento no quarto ao lado. Em outra salinha, três jovens nigerianas com o cabelo penteado em dezenas de coques feitos com trancinhas, pintam um desenho. Na entrada, outras costuram vários vestidos em um dos cursos que a organização – que colabora com empresas como a Reale e com associações de costureiras e confecções – iniciou. Carla ajusta o colete, olha seu telefone e sai do local. Poucos metros depois começa a falar com as mulheres que esperam por clientes na rua. Cumprimenta cada uma. Entrega seu cartão a duas delas e segue seu caminho. Espera que alguma delas ligue, como ela o fez. E que voltem a viver.
Fonte: El País

O Projeto Força Feminina repudia à proposta do Governo Federal para Reforma da Previdência Social, formalizada pela PEC 287/2016. 

Estaremos reunidos juntamente com outros movimentos sociais, instituições e trabalhadorxs no dia 28 na Praça do Campo Grande às 15 horas. 

Convocamos todos à participarem junto conosco.

A luta é de todos nós!

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Arma usada para matar adolescente em Itapuã é de uso restrito da polícia

Principal suspeito, ex-namorado da jovem é filho de PM e está foragido



O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) esteve na casa de Adriel na última quinta-feira (20) para cumprir um mandado de busca e apreensão. Agora, a polícia investiga se o equipamento de gravação de imagens do sistema de monitoramento da casa foi removido antes do crime, no dia 17 de abril, ou depois. 
Familiares e amigos de Andrezza fizeram nesta terça (25) um protesto em frente à sede do DHPP pedindo mais rapidez na investigação. Policiais do departamento receberam o grupo. 
A polícia pede que quem reconhecer Adriel e tiver informações dele que possam auxiliar também, poderá encaminhá-las pelo Disque Denúncia, no telefone (071) 3235 - 0000. O sigilo é garantido.

Crime
De acordo com as investigações da Polícia Civil, o crime aconteceu na noite desta segunda-feira (17), na Rua do Bispo, em Nova Brasília de Itapuã, e, desde então, Adriel não é visto no bairro. A polícia afirma que eles namoraram por dois anos, mas que Adriel não aceitava o fim do relacionamento. Andreza foi vista com vida pela última vez quando deixou o colégio para ir até a casa do ex-namorado, por volta das 17h30. 

"Eu estava voltando da caminhada que faço diariamente na orla, quando vizinhos meus ligaram avisando. Foi um choque para mim", lembrou Márcio. O pai de Adriel, que é PM, foi quem socorreu Victória depois que ela foi baleada na varanda da casa. Segundo a Polícia Civil, Adriel foi preso em 2014 por porte ilegal de arma. A jovem foi enterrada, sob forte comoção, na tarde desta terça-feira (17), no Cemitério Bosque da Paz. 
Fonte: Correio da Bahia

terça-feira, 25 de abril de 2017

Dia 28 de abril o

 

Brasil vai parar!


Grande paralisação geral Trabalhador, assuma o compromisso de parar em defesa dos seus direitos


Guia Prático – Entenda a Reforma da Previdência tem a pretensão de ser uma referência para todos aqueles que desejam estudar e entender o tema. Para isso, reúne o conteúdo, na íntegra, da PEC 287/16 (Proposta de Emenda Constitucional), de autoria do governo Michel Temer. 
Além de disponibilizar todo o conteúdo da PEC 287, comparamos o texto da reforma com a Constituição Federal, que poderá ser modificada caso a emenda seja aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Executivo.
Para facilitar ainda mais o entendimento, grifamos os pontos principais dos textos, as mudanças feitas e ressaltamos, em outro quadro, o significado de cada uma delas.
Por fim, o material foi confeccionado em um formato compacto, que cabe no bolso, exatamente para que possa ser levado para debates, conversas e consultas frequentes.
Esperamos que este material seja uma referência para estudo e conscientização sobre a reforma da Previdência e todos os direitos que poderão sendo perdidos num curto espaço de tempo.
Quem quiser pedir o material para disponibilizar em bibliotecas, escolas, movimentos sociais, sindicatos, associações de bairros e empresas pode entrar com contato com Sindados-MG curtindo nossa página no Facebook (este passo é importante para termos controle sobre o envio de mensagens) e comentando em posts sobre o tema. Nossa página é www.facebook.com/sindadosmg
Quem quiser a versão impressa do Guia da Reforma da Previdência pode buscá-lo no Sindados-MG: Rua David Campista, 150. Bairro Floresta. Belo Horizonte-MG.
Material completo, link abaixo:

Fonte: SINDADOS - MG

quinta-feira, 20 de abril de 2017


ACESSE O LINK :


Perícia constata lesão no braço de Emilly e ex-BBB é indiciado

A Polícia Civil indiciou na Lei Maria da Penha o ex-participante do Big Brother Brasil (BBB) Marcos Harter, de 37 anos, por lesão corporal contra Emilly Araújo, vencedora da 17ª edição do reality show. A decisão foi tomada pela delegada Viviane da Costa, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 19.
Segundo a delegada Márcia Noeli, diretora da especializada, a decisão foi tomada após a conclusão de laudo corporal. A perícia constatou uma lesão no braço de Emilly, com quem Harter teve um relacionamento durante o BBB 17 (confira vídeo abaixo).
"Além do laudo positivo para a lesão, a decisão também teve como base os depoimentos do casal e a transcrição das fitas do programa", disse a delegada.
Por nota, a especializada afirmou que os elementos analisados "não deixaram dúvidas quanto à autoria e materialidade delitiva, constatando que as lesões da vítima se deram em razão das ações intencionais do autor".
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Estadual. Os promotores decidirão se confirmam as constatações da Polícia e se denunciarão Harter à Justiça.
Mais cedo, foi ajuizado um pedido de habeas corpus para suspender as investigações que apuravam agressão de Harter. O advogado alegou que a delegada designada para o caso, Viviane da Costa, não tem atribuição para presidir o inquérito. Afirmou ainda que Emilly não prestou queixa contra ele.
O juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, determinou que a delegada preste esclarecimentos sobre o caso em até 72 horas. A partir disso, o magistrado vai decidir sobre a concessão ou não da liminar.
Harter foi expulso do programa depois de acuar Emilly contra uma parede. Ele a intimidou com o dedo em riste, gritou com ela, a beliscou e apertou o seu pulso. Emilly reagiu, também com o dedo apontado para o oponente.
As imagens do incidente provocaram reações de fãs do reality, que exigiram uma providência das autoridades. A TV Globo considerou que o participante feriu as regras do reality show, segundo as quais são proibidas agressões físicas.
Em sua defesa, Harter escreveu uma nota em que pediu desculpas. "Como todo casal, passamos por momentos de alegria, ansiedade, euforia e tensão", declarou. "Jamais tive a intenção de machucar física ou emocionalmente uma pessoa pela qual nutri tanto carinho e afeto."
Fonte: A Tarde 

quarta-feira, 19 de abril de 2017

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Violência Contra a Mulher




Nessa semana, a violência contra a mulher foi bastante debatida. E se a gente parar pra pensar, essas situações ainda acontecem porque os homens ainda não percebem a importância de uma relação respeitosa e igualitária com as mulheres.


Nós acreditamos que respeitar as diferenças e promover o diálogo é uma forma incrível de promover a igualdade de gênero. E sabemos que isso ainda precisa ser muito discutido na nossa sociedade. 



ASSITA AO DOCUMENTÁRIO: https://www.youtube.com/watch?v=jyKxmACaS5Q
"Uma mulher, um sonho, um projeto de vida e uma esperança"



O aniversário de um dos fundadores da Instituição Oblatas do Santíssimo Redentor aconteceu no dia 16 de março. Neste dia, a equipe de trabalhadores sociais juntamente com as mulheres atendidas cantou os parabéns e refletiram a grande importância daquela que foi uma pioneira a pensar na mulher em situação de prostituição em uma época de valores tão distintos dos atuais, os quais nem se falava ainda em direitos humanos e valorização da mulher.

Em respeito a essa data, a equipe de espiritualidade do PFF planejou um momento a fim de fazer uma reflexão mais profunda juntamente com as mulheres atendidas na unidade. Os trabalhadores sociais realizaram uma ação em que se pensou em fazer a relação do percurso da mulher Antônia até ela se tornar madre, desde a sua infância até o momento de se consagrar à vida religiosa.




Em um caminho construído pelos educadores, as mulheres atendidas pelo projeto passaram por um caminho semelhante à trajetória de vida da Madre Antônia. Foi preparado um caminho com folhas secas, esteiras, colchonetes, pedras e areia. As mulheres gostam muito dessa dinâmica. Elas foram conduzidas por esse caminho pelo educador social Valtemi Galdino que as convidou a fazer relações entre esse caminho, seus próprios percursos de vida e a vida de Madre Antônia.

Projeto Força Feminina

'Achava que a culpa era minha', diz estudante vítima de abuso por ex-companheiro


Leia relato na íntegra da estudante baiana Mariana Novaes*, 23 anos, sobre violência física e psicológica. O nome utilizado é fictício para preservar a identidade da vítima:

"Nunca achei que ele fosse o homem da minha vida. O homem com as qualidades que sempre acreditei que um cara deveria ter para que eu pudesse me apaixonar. Ainda hoje, passados quatro meses do final, em definitivo, do meu tormento, não compreendo o porquê e como as coisas chegaram tão longe.
Longe porque foram quatro anos de namoro. Eu nem sei se os dois últimos podem ser assim intitulados, mas isso não é o mais importante. Ele era gentil comigo. Divertido, agradável, amoroso e atencioso. E foi assim por dois anos, foram quase 800 dias de um namoro normal e aconchegante. Eu já gostava. Muito.
Eu não sei onde ele mudou e o porquê. A paz dos dois primeiros anos me fazia pensar que aquilo tinha jeito. Achava que a culpa era minha, que, de repente, passei a não dar a atenção que ele merecia. Pensei a considerar que ele podia ter razão quando dizia que os finais de semana tinham que ser só nossos, que eu não deveria dividir meu tempo com os meus amigos.
Logo os meus amigos, que sempre tiveram lugar de destaque na minha vida. As brigas vinham todos os dias, por qualquer motivo. Eu também pensei que os problemas familiares poderiam ser a justificativa para aquele comportamento que ele tinha. A cada desculpa que me pedia, imediatamente depois dos episódios de violência emocional, ele me fazia acredita que também era vítima.
Acordar se tornou um parto, todos os dias. Me assustava existir naquela aflição diária. Eu não podia mais atender meu celular com tranquilidade, sequer sentar ao lado de um homem no ônibus. Ele ligava, ele me acusava, ele me xingava de coisas que eu nunca pensei ouvir de um homem.  Ele me empurrou sobre a cama, violentamente.
Aquilo não era um "ciúme normal", do qual sempre acreditei que os grandes amores eram passíveis. Era abuso. Abuso e machismo. Nem paixão, nem respeito, nem confiança e, muito menos, amor. 
O buraco foi ficando cada vez mais fundo. A ponto dele me seguir no trabalho e me surpreender, no meio do caminho, insistindo que eu tinha acabado de sair de um carro. Eu cogitava a existência de loucura naquela cabeça. São incontáveis os terrorismos que suportei até chegar ao que eu vou chamar de fundo do poço.
Primeiro eu senti vergonha. Na verdade, ainda sinto. É que foram três términos e duas voltas. Eu voltei a namorar, mesmo depois dele ter dito com todas as letras "Eu vou te matar" - quando tudo o que eu fiz foi dar ‘boa noite’ ao vizinho.
Demorei até perceber traços de abuso e violência do meu namoro. Ou percebia, mas não aceitava. Me sentia muito responsável por ele. Era como se o meu o dever fosse transformar aquele homem no cara que eu queria que ele fosse. 
Para mim, as pessoas eram injustas, porque ele era um cara sofrido em instâncias familiares. Além do mais, ele era gentil quando acordava de bom humor. Ele até fazia minhas vontades. Minha família também gostava dele e isso contava muito para mim.
Mas descobri que eu não tinha que carregar esse peso comigo. Juntei pedaços de discernimento para decidir. E consegui. Era engraçado à medida que acontecia, porque ia acontecendo sempre do mesmo jeito. Aquelas desculpas, aqueles choros dele, aquelas promessas. Eu cansei de ouvir. 
No nosso último dia, ele inventou que eu tinha que ir dormir com ele, mas eu não queria. Àquela altura, eu já me sentia violentada. Não fui. No dia seguinte, ele foi à porta da minha casa e gritou para a minha família todos aqueles xingamentos que, até então, apenas eu tinha conhecimento. Vergonha. Muita vergonha. Mas a melhor coisa da minha vida.
Talvez, se as violências não tivessem se tornado públicas, a gente estivesse junto até hoje, aos trancos e barrancos. Foi minha liberdade. Procurei a polícia. Denunciei tudo, aos prantos. Como quem pare um filho. Lidei com inúmeras ameaças depois disso. Promessas de que me mataria se me visse com alguém e faria da minha vida um inferno.
O medo esteve presente em todo este processo, mas, por sorte, família e amigos, o temor não venceu minha vontade de sair daquele ciclo. A gente entende que o amor tem muito mais a ver com os atos do que com as promessas. E que ninguém, absolutamente ninguém, tem qualquer direito sobre você, quem você é e o que você faz. 

Fonte: Correio da Bahia

Locais de referência - violência contra mulher:
ACESSE O LINK: http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/violencia-contra-a-mulher-saiba-onde-encontrar-ajuda/

A cada 56 minutos, uma mulher é vítima de violência em Salvador

Caso BBB chama atenção para violência vivida por mulheres

‘Mimimi de feminista’. ‘Sociedade que só reclama’. ‘O que fez ele surtar foi o aperto de mente dela’.  ‘Foi ela que causou tudo isso’. ‘Ela gosta!’. Até aqui, você leu reações – comentários nas redes do CORREIO – à notícia de que Marcos Harter foi expulso do Big Brother Brasil (BBB) anteontem. A polícia foi à casa e, depois de ver as imagens da briga entre ele a namorada no reality, Emilly, abriu um inquérito. Marcos pode até ter saído, mas continua na casa.
Ele está na casa da sua prima. Da vizinha que mora no andar de baixo. Na casa daquela moça que sempre te dá ‘bom dia’ quando passa por você no trabalho. E na de 2.538 mulheres que já denunciaram casos de violência doméstica este ano, só em Salvador. Aqui, uma mulher é agredida a cada 56 minutos.
Claro que ‘os Marcos’ são outros. Atendem por nomes igualmente comuns – João, Felipe, Lucas, Alexandre, Isaque, Antônio. São pessoas que todo mundo conhece. E que, nem sempre, vão receber a culpa que lhes é de direito. Pelo contrário: assim como Emilly, no BBB, muitas vezes, nem mesmo a vítima consegue enxergar o mal causado.
Muitas vezes, elas acham, inclusive, que é o contrário: a mulher – mesmo elas – tem culpa. Só que o maior problema mora aí: a culpa nunca é delas. O ambiente da recepção da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), em Brotas, ajuda a entender um pouco do quanto a situação é grave. Na manhã de ontem, quando o CORREIO esteve na unidade, sete vítimas aguardavam atendimento. Algumas conversavam entre si, outras sequer pareciam estar ali.

‘Ele gosta muito dela’ 

Foi quando, na TV, um jornal começou a repercutir a expulsão de Marcos do BBB. Quando ouviram a palavra 'agressão', as atenções de todas as mulheres se voltaram à TV. A punição do BBB, entretanto, soou como um exagero para as três únicas que se manifestaram. "Meu Deus, mas ele gosta muito dela. Ela é chata demais. Deu até pena da bichinha agora, chorando assim porque ele saiu", comentou uma.

Outra concordou. "Também fiquei com pena dela, mas fazer o quê se ela ficou pirraçando o cara. Eu acho eles dois um casal bonito", acrescentou a segunda. A terceira e última a comentar o assunto afirmou que Marcos nada tinha feito à companheira de casa. "Não vi nada demais. Eu, hein. Quem ia ganhar era ele, acho que a Globo fez de propósito. Esse programa é armado", completou.
Outras duas mulheres não expressaram reações. A essa altura, a sexta mulher brincava em um canto da sala com uma criança que, pelos traços físicos, parecia ser sua filha. A sétima mulher sequer abria os olhos. Só chorava.
Já na sala da assistência social, a repórter e uma das profissionais foram surpreendidas por uma vítima em prantos. Era a sétima mulher. Ela entrou correndo, como quem foge do perigo. Sentou na cadeira, debruçou os braços cruzados na mesa e pôs a cabeça sobre eles. Estava em prantos e tremia. A assistente social tentava acalmá-la, dizendo para que ela não tivesse medo. Ali, estava segura.
“Ele vai me matar. Ele ligou agora e disse que vai matar meu filho e eu”, explicou à assistente social, que pedia que ela respirasse e tentasse manter a calma. “Ele ligou para mim agora e disse que vai pegar o meu filho na escola. Ele vai pegar meu filho na escola a qualquer hora e fazer alguma coisa com ele. Meu Deus do céu”, diz a mulher, chorando.
Para a assistente social, as lágrimas evidenciavam não só o medo de ter sofrido uma ameaça, mas, especialmente, a tristeza de ter recebido uma promessa de morte de alguém com quem dividiu, ao menos até aquele momento, a vida. 
Violência psicológica 

É difícil identificar quando as agressões começam ou quando o relacionamento se torna abusivo. No entanto, a professora do curso de Psicologia da Unifacs Sandra Rolemberg, especialista em terapia familiar e terapia de casal, aponta alguns sinais. “Um ponto importante é quando essa mulher se percebe sem ter a condição de ter sua opinião, de sentir, agir, de ter o direito de escolher como se vestir sem que isso a coloque num lugar sem se sentir culpada”.

Além disso, ter medo de terminar a relação e ouvir frases como ‘você não vai conseguir mais ninguém’ também indicam abuso psicológico. “São fases que colocam ela num lugar onde ela não pode sair disso, ela se sente dependente dessa relação”, afirma a professora.
Há, ainda, fatores culturais que influenciam a permanência da mulher em uma relação assim. E isso vai desde o conhecido machismo até a cultura latina. “A vítima também tem medo do julgamento, de como vai ser vista e do quanto pode se expor ao falar de temas que causam tanta dor”.
O que acontece é que, segundo a delegada Vânia Matos, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Periperi, a violência psicológica pode ser ainda mais devastadora do que a violência física. “Tenho atendido muitas pessoas que chegam a um estado de depressão. Quem está vivendo o problema, às vezes, não sente que está vivendo. Começam as pressões, algumas acham que é ciúme e que até é bonito, porque ainda tem esse conceito muito machista em nossa cultura. É tão comum que fica difícil entender que aquilo é violência”.
Muitas das mulheres que denunciam pela primeira vez não foi agredida somente uma vez, segundo a delegada. “A grande maioria nunca registrou antes, mas relata que foi agredida fisicamente. Elas nunca procuraram porque muitas são ameaçadas. Eles dizem que, se elas procurarem a polícia, vão ‘fazer e acontecer”.
Mete a colher
A major Denice Santiago é uma das pessoas designadas a proteger essas mulheres. Comandante da Ronda Maria da Penha da Polícia Militar, ela e outros 60 policiais acompanham diariamente cerca de 640 mulheres no estado – além de Salvador, há três equipes estratégicas em Feira de Santana, Juazeiro e Paulo Afonso. Divididos em seis equipes, os PMs fazem visitas diárias ‘surpresa’ às mulheres atendidas, que são aquelas que estão sob medida protetiva concedida pela Justiça.
“Costumamos repreender e discriminar a violência física. No caso do BBB, ele já estava o tempo inteiro praticando violência contra ela, mas quando houve a violência física foi que começou a inquietação popular. A gente tem que começar a prestar atenção nas violências mínimas que acontecem no cotidiano”, diz a major.
E, como ela aponta, não é somente a mulher que pode denunciar a situação de violência que está vivendo. Qualquer pessoa, seja amigo, parente ou vizinho, pode fazer isso tanto pelo telefone 180 quanto em uma delegacia. “É difícil alguém fazer isso, infelizmente, mas, às vezes, a mulher precisa desse apoio, porque, sozinha, ela não consegue”.
Meter a colher é importante, mas é preciso tomar cuidado, como aponta a professora de Psicologia Sandra Rolemberg. Nessas horas, é preciso escutar as vítimas – e não subjugá-las. “É importante escutar o que ela está pedindo e como ela gostaria que fosse feito, trazendo propostas para pensar junto. Tomar à frente, às vezes, mesmo com a boa intenção pode reproduzir uma atitude violenta”.
Elas precisam entender que não são as culpadas - nem nunca serão. Aqui, os culpados são eles. São eles quem devem ser expulsos da casa - seja a do BBB, seja a delas. 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Centro Loreta Valadares já atendeu a mais de 9 mil mulheres vítimas de violência

Apenas no primeiro trimestre deste ano, 49 foram referenciadas pela instituição, ou seja, foram cadastradas para atendimento

Destinado ao acolhimento de mulheres vítimas de violência, o Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares (CRLV) atendeu, desde 2013, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (06)  aproximadamente 9 mil mulheres nesse período. O Centro faz a oferta ao público feminino de acompanhamento psicológico e social, orientação e informação jurídica, além de dispor de acompanhamento pedagógico para os filhos que necessitem acompanhá-las em atendimento. São acolhidas na instituição vítimas de violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial que procuram o espaço por conta própria ou são encaminhados através de instituições ou serviços.
O espaço, gerido através da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), está em funcionamento desde 2013. Apenas no primeiro trimestre deste ano, 49 foram referenciadas pela instituição, ou seja, foram cadastradas para atendimento no local. Neste mesmo período, o Loreta também manteve o acompanhamento de aproximadamente mais 100 mulheres que já haviam sido acolhidas pelo centro em momentos anteriores.  
“O Loreta possui estruturas essenciais no programa de prevenção e enfrentamento a violência, uma vez que ele visa promover a ruptura da situação de violência e a construção da cidadania através de ações globais e atendimentos interdisciplinares”, explicou a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude, Taissa Gama.
Na instituição, as vítimas passam por quatro fases de atendimento que envolvem desde aconselhamento em momentos de crise a atividades de prevenção à violência. “Todo atendimento realizado com as mulheres contam com sigilo e privacidade absoluta. Há vítimas que deixam de vir buscar atendimento com medo, achando que não serão respeitadas”, explicou a secretária. Alguns trabalhos realizados com as vítimas na instituição podem ser realizados de forma individual ou coletiva através da inserção da mulher em grupos terapêuticos, de yoga, biodança ou mesmo oficinas produtivas.
Através do Centro de Referência, também são ofertadas atividades e palestras com foco no resgate da autoestima feminina e no estímulo à superação de traumas e conflitos. Dentre as atividades realizadas estão projetos como a Quinta Temática, que ocorre sob a coordenação do Loreta Valadares e fomenta a discussão sobre temáticas que impactam no universo das mulheres como ‘Feminização da Aids’  e a ‘Visibilidade Lésbica’.
O caso de violência mais recorrente identificado pelo Loreta é violência psicológica. Até a vítima ser agredida fisicamente, outros tipos de violência são cometidos, como nos casos da violência psicológica e moral, onde normalmente o parceiro da mulher usa métodos para rebaixar a autoestima da mulher, proferindo criticas destrutivas e xingamentos.
Com sede localizada no bairro dos Barris, o Loreta conta com um imóvel composto por sete salas dedicadas a realização de atendimentos, sendo que uma delas é voltada ao acolhimento de idosas e cadeirantes. O espaço ainda dispõe de brinquedoteca, sala para projeção de vídeos, reunião de grupos temáticos e cozinha experimental para o desenvolvimento de cursos profissionalizantes. O local ainda abriga o Centro de Documentação e Informação e uma sala para representantes do Ministério Público da Bahia.
FONTE: Correio da Bahia

quinta-feira, 6 de abril de 2017

DATA: 31 de maio de 2017
HORÁRIO: 14
LOCAL: Sede do Projeto Força Feminina


EM BREVE PROGRAMAÇÃO

Inscrições gratuita / Com direito a certificado 

Realize sua inscrição através do email pffeminina@oblatas.org.br


Superação: Mulheres lutam para vencer a dependência química em Alagoas

Relatos emocionantes revelam o universo de mulheres que mergulharam nas drogas e largaram tudo para se dedicar ao tratamento terapêutico


LEIA A REPORTAGEM: http://www.cadaminuto.com.br/noticia/301047/2017/03/19/superacao-mulheres-lutam-para-vencer-a-dependencia-quimica-em-alagoas

FONTE: CADA MINUTO

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Leia a íntegra do depoimento de Su Tonani, figurinista que acusou José Mayer de assédio sexual

Texto publicado em blog de jornal repercutiu e provocou afastamento de ator da TV Globo

A figurinista Su Tonani, que relatou assédio sofrido nos bastidores da Globo por José Mayer 
(Foto: Reprodução) 
O relato surpreendente da figurinista Su Tonani, da TV Globo, sobre o assédio sexual sofrido por José Mayer causou a suspensão do ator, por tempo indeterminado, das produções da emissora. A denúncia foi feita no blog #Agoraéquesãoelas, do jornal Folha de S.Paulo, na última sexta-feira (31), e chegou a ser tirada do ar, por conta da gravidade das acusações. Logo depois, foi republicado, com a resposta do ator.
Nesta terça-feira (4), após ser afastado da emissora, Mayer admitiu o erro, através de uma carta aberta. "Eu errei. Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava. A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora", disse em um trecho do texto.
Abaixo, confira íntegra do texto feito pela figurinista, que recebeu o apoio de colegas de emissora - entre elas, atrizes e apresentadoras que já contracenaram com Mayer.
“José Mayer me assediou”

Por Su Tonani*
"Eu, Susllem Meneguzzi Tonani, fui assediada por José Mayer Drumond. Tenho 28 anos, sou uma mulher branca, bonita, alta. Há cinco anos vim morar no Rio de Janeiro, em busca do meu sonho: ser figurinista.
Qual mulher nunca levou uma cantada? Qual mulher nunca foi oprimida a rotular a violência do assédio como “brincadeira”? A primeira “brincadeira” de José Mayer Drumond comigo foi há 8 meses. Ele era protagonista da primeira novela em que eu trabalhava como figurinista assistente. E essa história de violência se iniciou com o simples: “como você é bonita”. Trabalhando de segunda a sábado, lidar com José Mayer era rotineiro. E com ele vinham seus “elogios”. Do “como você se veste bem”, logo eu estava ouvindo: “como a sua cintura é fina”,fico olhando a sua bundinha e imaginando seu peitinho”, “você nunca vai dar para mim?”.
Quantas vezes tivemos e teremos que nos sentir despidas pelo olhar de um homem, e ainda assim – ou por isso mesmo – sentir medo de gritar e parecer loucas? Quantas vezes teremos que ouvir, inclusive de outras mulheres: “ai que exagero! Foi só uma piada”. Quantas vezes vamos deixar passar, constrangidas e enojadas, essas ações machistas, elitistas, sexistas e maldosas?
Foram meses envergonhada, sem graça, de sorrisos encabulados. Disse a ele, com palavras exatas e claras, que não queria, que ele não podia me tocar, que se ele me encostasse a mão eu iria ao RH. Foram meses saindo de perto. Uma vez lhe disse: “você é mais velho que o meu pai. Você tem uma filha da minha idade. Você gostaria que alguém tratasse assim a sua filha?”
A opressão é aquela que nos engana e naturaliza o absurdo. Transforma tudo em aceitável, em tolerável, em normal. A vaidade é aquela que faz o outro crer na falta de limite, no estrelato, no poder e na impunidade. Quantas vezes teremos que pedir para não sermos sexualizadas em nosso local de trabalho? Até quando teremos que ir às ruas, ao departamento de RH ou à ouvidoria pedir respeito?
Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar no meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua “piada”. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade.
Mas segui na engrenagem, no mecanismo subserviente.
Nos próximos dias, fui trabalhar rezando para não encontrá-lo. Tentando driblar sua presença para poder seguir. O trabalho dos meus sonhos tinha virado um pesadelo. E para me segurar eu imaginava que, depois da mão na buceta, nada de pior poderia acontecer. Aquilo já era de longe a coisa mais distante da sanidade que eu tinha vivido.
Até que nos vimos, ele e eu, num set de filmagem com 30 pessoas. Ele no centro, sob os refletores, no cenário, câmeras apontadas para si, prestes a dizer seu texto de protagonista. Neste momento, sem medo, ameaçou me tocar novamente se eu continuasse a não falar com ele. E eu não silenciei.
“VACA”, ele gritou. Para quem quisesse ouvir. Não teve medo. E por que teria, mesmo?
Chega. Acusei o santo, o milagre e a igreja. Procurei quem me colocou ali. Fui ao RH. Liguei para a ouvidoria. Fui ao departamento que cuida dos atores. Acessei todas as pessoas, todas as instâncias, contei sobre o assédio moral e sexual que há meses eu vinha sofrendo. Contei que tudo escalou e eu não conseguia encontrar mais motivos, forças para estar ali. A empresa reconheceu a gravidade do acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Me pergunto: quais serão as medidas? Que lei fará justiça e irá reger a punição? Que me protegerá e como?
Sinto no peito uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e árduas antes, sinto um arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas as vezes em que, constrangida, lidei com o assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez?
Tenho de repetir o mantra: a culpa não foi minha. A culpa nunca é da vítima. E me sentiria eternamente culpada se não falasse. Precisamos falar. Precisamos mudar a engrenagem.
Não quero mais ser encurralada, não quero mais me sentir inferior, não quero me sentir mais bicho e muito menos uma “vaca”. Não quero ser invisível se não estiver atendendo aos desejos de um homem.
Falo em meu nome e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas. Para que não seja mais fofoca. Que entendam que é abusivo, é antigo, não é brincadeira, é coronelismo, é machismo, é errado. É crime. Entendam que não irei me calar e me afastar por medo. Digo isso a ele e a todos e todas que, como ele, homem ou mulher, pensem diferente. Que entendam que não passarão. E o que o meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos vocês por muito, muito tempo."