quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Projeto Força Feminina promove seminário para refletir sobre Violência contra as mulheres que estão em situação de prostituição.


É preciso discutir a Violência contra a Mulher à todo momento. Não é "mi-mi-mi"... é resistência, é fortalecimento, é representação. O nosso grito precisa ser ecoado aos quatros cantos, para que a sociedade saiba que estamos em LUTA por essa causa...  JUNTAS / VIVAS.

O Projeto Força Feminina fecha o ciclo de palestras dos Encontros Cirandas Parceiras com o seminário ocorrido no Centro Cultural da Câmara de Vereadores de Salvador. 

Esse caminho não foi traçado só, tivemos apoio de diversos profissionais parceiros que acreditam nesta causa e não cansam de lutar. Foram 04 encontros durante o ano realizados na sede do projeto:
     Março – Envolvimento Feminino Com Drogas” -  Jeane Freitias De Oliveira – Profa Dra Enfermagem Ufba
       Maio –   “Violência Contra A Mulher E Vínculos Familiares” -  Cap. Pm Ana Paula Quirós “Ronda Maria Da Penha”
     Julho –   “Violência Obstetrícia -  Rita Calfa Diretora Geral Da Maternidade Tsylla Balbino”
     Setembro - “Descriminalização Do Aborto – Greice Menezes Ufba E Jamaica Santos Iperba”.


O seminário realizado no dia 29 de novembro, com o tema:"Sensibilizando para o enfrentamento de situações de violência contra a mulher que exerce a prostituição" levantou reflexões importantíssima tendo na parte da manhã a colaboração da delegada titular da DEAM de Brotas Dr. Helenice Nascimento; da advogada feminista Dr. Laina Crisóstomo e coordenadora da ONG TamoJuntas e a presidenta do Geledés - Instituto da Mulher Negra Dr. Maria Sylvia. 

Pela tarde contamos com presença de Vilma Reis referência em ações de garantia e ampliação de direitos das mulheres, jovens e da população negra em geral, socióloga e ouvidora a Defensoria Pública da Bahia; Cláudia Correia – Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres – Câmara Municipal de Salvador / Membro do Grupo de Trabalho da Rede de Atenção a Mulheres em Situação de Violência; Nágila Brito - responsável pela Coordenadoria da Mulher, do Tribunal de Justiça da Bahia. Luta em combate ao feminicídio e dar prioridade na análise de processos que envolvam o enfretamento da violência contra a mulher e da TV Bahia na pessoa de Camila Marinho para divulgação da campanha "Sou mulher, quero respeito". 

Agradecemos imensamente a colaboração de todos... Centro Cultural da Câmara pela parceria dos eventos que realizamos no local, dos palestrantes que com muito empenho tornaram o dia enriquecedor e de todos presentes que acreditam que é necessário ressignificar para obter resultados efetivos na luta contra a violência às mulheres. 


  











segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Racismo não dá descanso e impacta a saúde e o trabalho dos negros no Brasil

Racismo não admitido dá menos oportunidades e afeta ascensão profissional dos negros. Eles têm salários menores, ainda que com o mesmo tempo de estudos de não negros



#estamossemprenaluta



"Consciência Negra é ter, cotidianamente, práticas antirracistas. É reconhecer a necessidade de ações afirmativas para reparar o legado escravocrata." (Débora Garcia - Brasil de Fato)

"...a invisibilidade da população negra é uma das violações mais graves aos direitos humanos." (Roberta Lira - ND Online/Geledés)

20 de novembro marca o Dia da Consciência Negra, dia da morte de Zumbi dos Palmares, ocorrida em 1695. #resistência #empoderamento #identidade#respeito #igualdade #consciêncianegra#justiçasocial #oblatas


“Mulheres não denunciam, porque chegar a julgamento é quase pior que o estupro”

Leslee Udwin, autora de documentário sobre estupro censurado na Índia, vê na educação a chave contra os abusos sexuais


Ela entendeu tudo quando entrevistou os estupradores: “Não são monstros, estão programados”. A cineasta e educadora britânica Leslee Udwin lançou em 2015 o documentário sobre um estupro coletivo que provocou comoção mundial e levou às ruas milhares de pessoas na Índia. Uma estudante de fisioterapia de 23 anos, Jyoti Singh, foi estuprada por cinco homens num ônibus de transporte público que continuou seu percurso pelas ruas de Nova Déli enquanto ela era atacada. Um deles lhe arrancou as vísceras. Ela morreu no hospital dias depois.
Pelo documentário, A Filha da Índia (título original India’s Daughter) —no qual falam os pais da vítima, familiares dos condenados, advogados, autoridades policiais e judiciárias e um dos condenados— Udwin ganhou diversos prêmios, como o Peabody Award, norte-americano, e o Anna Lindh de Direitos Humanos no Parlamento sueco. Foi escolhida pelos leitores do jornal The New York Times como a segunda mulher mais impactante de 2015, atrás de Hillary Clinton. E recebeu o apoio de estrelas de Hollywood como Meryl Streep e Sean Penn. Para ela foi uma epifania constatar que aqueles condenados à prisão perpétua não eram os selvagens que ela esperava encontrar. E parou de gravar filmes. Trocou a carreira cinematográfica por outra em que derrama toda a paixão que mostra ao falar: a educação.
“Por que diabos nos surpreendem casos como o de Weinstein?”, pergunta esta ativista dos direitos humanos sobre o escândalo de abusos sexuais de maior repercussão dos últimos meses. O todo-poderoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi acusado de assédio e estupro por dezenas de mulheres. “Uma em cada cinco mulheres no mundo foi estuprada, uma em cada três sofreu abusos, então há motivo para pensar que um homem em cada três os comete. O mundo inteiro está cheio de predadores sexuais, e o mais famoso agora é presidente dos Estados Unidos, que todos ouvimos dizer: ‘Quando você é um astro, deixam você fazer qualquer coisa. Agarrá-las pela boceta”, afirma Udwin. A cineasta acompanha indignada o julgamento enfrentado na Espanha por cinco homens acusados do estupro coletivo de uma jovem de 19 anos durante as festas de San Fermín, conhecidos como A Manada. “Não é raro que se tente culpar a vítima, é uma constante no mundo todo. A maioria das mulheres não denuncia porque sabe que chegar aos tribunais quase é pior que o estupro. Torna-se uma conspiração para acusá-las.”
Udwin, nascida em 1957 em Sayvon (Israel) e com nacionalidade britânica e israelense, critica a “hipocrisia” de apagar Kevin Spacey de um filme depois de divulgada a denúncia de abuso sexual feita contra ele por um ator, à qual logo se acrescentaram outras, de homens da equipe de filmagem da série House of Cards. “Quem acredita que isso vá mudar alguma coisa? É só uma miragem. Spacey foi acusado, mas ainda não julgado. E enquanto isso, Donald Trump continua impune no trabalho mais poderoso do mundo.”
A diretora Leslee Udwin (direita), junto da atriz Meryl Streep.ampliar foto
A diretora Leslee Udwin (direita), junto da atriz Meryl Streep.
Também considera que campanhas como a de #MeToo (Eu Também), pela qual milhares de mulheres denunciaram nas redes sociais ter sido vítimas de agressões sexuais, “aumentam o desgaste” e são “passageiras”. “Não estou dizendo que seja uma perde de tempo. Ajuda individualmente quem sofre por isso, mas é superestimado. É considerado uma solução, mas não é”, explica no centro de convenções de Doha (Qatar), onde esta semana foi realizado o congresso de inovação educacional WISE, no qual Udwin foi palestrante e para o qual foi convidado o EL PAÍS. “Não precisamos ser convencidos de que as mulheres sofrem abusos, são ofendidas, são mais mal pagas ou são sub-representadas nas instituições. Não é um fato novo.”

Justiça e liberdade

Em seu documentário, cuja exibição continua proibida na Índia, são mostradas também as diversas manifestações, iniciadas no dia seguinte ao estupro, em dezembro de 2012. Centenas de milhares de pessoas pelas ruas enfrentando a polícia e pedindo justiça e liberdade. “Eu também pensei então que era o começo da mudança, nunca tinha vista tanta paixão. Mas não deu em nada. Falamos de um problema endêmico, está nas mentes e na cultura.”
Após longas conversas com os condenados (dos quais somente um fala no filme), mudou sua forma de entender o mundo: “Se você quiser fazer de verdade alguma coisa, é preciso se concentrar na educação”. Compreendeu, como ela mesma explica, que os estupradores não eram monstros. “Alguém que arranca as vísceras de outro ser humano deveria ser um monstro, mas me sentei com eles, e dois em particular pareciam sensíveis sobre diversos assuntos. Um até chorou porque não poderia continuar seus estudos universitários.” Na Índia, as famílias comemoram o nascimento de um filho, mas não de uma filha. É considerado inapropriado que uma mulher saia à noite sem seu marido ou sua família, como apontam o motorista do ônibus (também condenado) e um dos advogados no filme: “Se você deixa um diamante na rua, é inevitável que um cachorro o leve”.
“Achamos que a violência seja o problema, mas na verdade é o sintoma. Quem deveria ter ensinado a esses homens que sua vítima tinha todo direito do mundo de sair para ver um filme à noite com um amigo? A família? A lei? A cultura? A escola é a responsável, a que deve educar uma criança e prepará-la para a vida”, reflete.
Depois do documentário, fundou a Think Equal (Pense Igual), organização com a qual pretende implantar um currículo de educação infantil para combater a discriminação com um plano sistemático ao longo do an, que recebeu o apoio de pensadores da educação como Ken Robinson e os das escolas Montessori: “Mandela dizia que a educação é a arma mais poderosa que temos para mudar o mundo. Dizia que nenhum ser humano nasce odiando outro. A criança é educada no ódio, mas também pode ser educada no amor.”

UM CURRÍCULO CONTRA A DISCRIMINAÇÃO

O programa que Udwin promove de aprendizagem social e emocional (Think Equal) inclui um planejamento sistemático na escola. “As crianças precisam que lhes ensinem essas coisas assim como fazem com a matemática, elas não aprendem de forma natural.” Com uma equipe de 25 pessoas, a organização desenvolveu um currículo de 280 páginas e 140 lições para alunos a partir de três anos de idade, prevendo quatro aulas por semana (de meia hora cada) e 36 livros de contos (um por semana de aula). São gratuitos para as escolas que queiram implantá-los. “Só pedimos em troca que o sigam de forma séria e sistemática”, explica a cineasta. Começou este ano a implantação de um programa piloto com cerca de 4.000 alunos de três anos em perto de 20 centros em sete países. A Argentina até o momento é o único país de língua espanhola a ter mostrado interesse. No site da Think Equal, o Brasil não aparece entre os participantes. A Universidade de Yale avalia os primeiros resultados do programa.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Dossiê - Violência contra as mulheres


ACESSE E SAIBA MAIS: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-e-racismo/

Aniversário do Projeto Força Feminina

"Se lembrar de celebrar muito mais..."
O Teatro Mágico
Juntamente com a comunidade da Paróquia São Pedro na Piedade o Projeto Força Feminina celebrou com as mulheres o 17º aniversário com uma linda celebração em ação de graça, presidida por Padre Gabriel. 

Um momento como esse é importante para percebermos a trajetória do projeto em prol do enfrentamento a violação de direitos das mulheres mais vulneráveis, além de compreender que a espiritualidade perpassa por todas as ações desenvolvidas e é a mola propulsora ao desenvolvimento de um trabalho de excelência.Agradecemos imensamente a toda comunidade de São Pedro que durante anos contribui significativamente ao projeto. Aos nossos parceiros da rede de enfrentamento que torna nosso trabalho, nossa ação e nosso dia-a-dia ainda mais completo e eficiente.A equipe que faz do trabalho um missão de vida reconhecendo nas ações diárias a plenitude do amor de Cristo com a intercessão de Maria e dos nossos fundadores Padre Serra e Madre Antônia.As irmãs Oblatas que fazem da Missão  um exemplo de vida.AS MULHERES QUE SÃO O MOTIVO PELO QUAL MAIS UMA VEZ COMEMORAMOS. Elas sim fazem toda diferença e nos renova a cada dia, pois estamos em aprendizado contante.
Parabéns ao Força Feminina!


"O crime que a gente combate é eminentemente cultural"



O Espelho vai se abrindo, grande, colorido, sob o olhar atento da major Denice Santiago do Rosário, 46. “Cuidado aí para não sujar!”, diz, antes de inclinar a cabeça e sussurrar: “Menina, a impressão disso foi R$ 700! Paguei do meu bolso”. O Espelho é o jogo que Denice criou para que mulheres pensem sobre as violências cotidianas que sofrem. Já tinha versões menores do tabuleiro, mas quis fazer um gigante para que as participantes se tornassem o próprio peão. Em 2015, a major idealizou e passou a coordenar a Ronda Maria da Penha, que atende mulheres vítimas de violência doméstica em Salvador e outras seis cidades do estado. Sabe que o crime que combate é “eminentemente cultural” e por isso cuida para que as ações de enfrentamento – impedindo que os agressores se aproximem das vítimas  – sejam tão urgentes quanto as preventivas. Há muita conversa na ronda, entre mulheres, especialmente, mas também entre homens. Em maio, a iniciativa ganhou o selo de práticas inovadoras do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e em outubro Denice foi uma das vencedoras do Prêmio Claudia, na categoria políticas públicas. Gracejando, ela diz que os reconhecimentos a deixaram “insuportabilíssima”. Psicóloga e bacharel em segurança pública, Denice fez parte da primeira turma de mulheres da PM baiana, em  1990. Na corporação, criou o Centro Maria Felipa, para atender as colegas de farda, e acabou de idealizar um novo núcleo, o AMO Direitos Humanos, ainda sem data de implantação, para monitorar práticas de discriminação racial na polícia, esse tema nada polêmico que esmiuçou durante o mestrado na Ufba. 

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

I N F O R M E

Por motivo institucionais da PM/BA, a Major Denice Santiago (Ronda Maria da Penha), não participará do evento - Seminário Violência contra Mulher que ocorrerá no dia 29 de novembro de 2017 no Centro Cultural da Câmara - Salvador BA. 

Agradecemos pela parceria neste ano e que em 2018 venham outras oportunidades para compartilhar conhecimento em nossos encontros das Cirandas Parceiras.

Avaliação Institucional 2017

“Ainda que todas as portas se fechem, eu abrirei uma.” 
Padre Serra

As apresentações dos projetos desenvolvidos neste ano a fim de avaliar e a programação das ações do Planejamento 2018 ocorreram no PFF com a participação do consultor Daniel Rech e a Irmã Provincial Lúcia Alves 


















A espiritualidade perpassou toda a atividade e os presentes foram convidados a resumir em uma palavra o sentimento proporcionado pelos projetos desenvolvidos na unidade a fim de com essas palavras reforçar o compromisso e a força das ações do PFF. As ações realizadas nos Projetos este ano foram apresentadas, destacando os avanços, as dificuldades e as superações vivenciadas.

















Os pontos que requereram mais atenção na avaliação foram enfatizados e a equipe se organizou em pequenos grupos para programar mudanças para o Planejamento de 2018 a fim de tornar as mulheres mais autônomas e protagonistas de sua própria história através da formação política e da construção de cidadania.























São momentos como esses, de aprendizado e reflexão conjunta que fortalecem e unem a equipe com o propósito de dar o melhor atendimento àquelas que muitas vezes só encontram essas portas abertas.






Ainda dá tempo de realizar sua inscrição!


Espiritualidade Equipe


"Nosso cotidiano tem sentido? É possível revivificar o cotidiano? 
Permanece algum fogo sob as cinzas do cotidiano? Há lugar para o risco, para a ousadia?
No interior do Brasil, onde o fogão a lenha é ainda comum, as pessoas têm o hábito de enterrar, à noite, as brasas entre as cinzas, e assim manter vivo o fogo até à manhã seguinte.
Em lugar de limpar completamente o fogão, conservam-se as brasas incandescentes debaixo de camadas de cinza para poder acender o fogo rapidamente no dia seguinte.
A preocupação principal é, pois, não deixar que o fogo do dia anterior se apague completamente ao final da jornada. Pelo contrário, as brasas escondidas debaixo da cinza durante a longa e escura noite ficam bem protegidas para que o fogo possa voltar de novo à vida com as primeiras luzes da manhã.
O velho fogo não morre, mas conserva o seu calor, a fim de estar preparado para acender o novo fogo."
Padre Onofre - SIES



Em um local bastante aprazível a equipe do Projeto Força Feminina passou o dia na Espiritualidade facilitado pelo Padre Onofre Araújo no espaço do SIES - Serviço Inaciano de Espiritualidade.



A reflexão do dia foi sobre a Resiliência e a importância de manter acesa a nossa chama interior, além de pensar sobre o sentido da vida. Através de vídeos, de textos e partilhas em conjunto o dia transcorreu em reflexões, leituras, meditação... Esse momento permitiu o encontro consigo e em conseqüência, o encontro com o Divino que habita em nós.


“Muitas vezes é justamente uma situação exterior extremamente difícil que dá à pessoa a oportunidade de crescer interiormente para além de si mesma.” Victor Frank


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Estrangeira no próprio país

A cada olhar atravessado na rua, a cada vigilância atenta de um segurança em uma loja, assim me sinto no Brasil

Por  Djamila Ribeiro, da Carta Capital


Estive em Oslo, entre 7 e 14 de outubro, a convite da embaixada norueguesa no Brasil. Participei de uma série de encontros com representantes do governo, sindicato de jornalistas, movimentos sociais, institutos de pesquisa. Foi uma experiência incrível de troca e aprendizado.
Um dos meus compromissos era ministrar duas palestras, uma na Universidade de Oslo e outra na Embaixada do Brasil, na mesma cidade. Nesta última, várias brasileiras que moram na capital norueguesa estiveram presentes. Ao fim do seminário, uma delas fez uma pergunta que me levou a refletir bastante.

Ela contou ser filha da mistura entre negro e branco, mas que, por ter a pele clara, era considerada branca no Brasil. Por conta disso, nunca refletia sobre o racismo. Ao morar na Noruega, percebeu que não era branca. Os habitantes do país não a viam como, e se confundiam em acertar sua origem. Na Europa, percebeu que era vista como o “outro”, aquela que não é branca e é estrangeira.
A partir desse choque de realidade, ela passou a questionar seu papel. Ao sentir na pele ser olhada como alguém que não se encaixa, percebeu a necessidade de se posicionar, e me perguntou: “Só fui perceber isso na vida adulta, mas, quando volto para o Brasil, sou bem tratada e com respeito, deixo de ser estrangeira ou estranha. Você, como mulher negra, sabe bem o que é sofrer com essa dupla violência, inclusive em seu próprio país. Como é para você ser estrangeira em seu próprio país?”
Demorei um tempo para processar a densidade daquela pergunta. É exatamente esse o sentimento que me acomete. É duro, inclusive, ter de admitir que na maioria das vezes sou mais bem tratada fora do que no próprio Brasil.

Grada Kilomba, em seu livro Plantation Memories: Episodes of everyday racism, afirma que a mulher negra é o “outro do outro”, por ser essa dupla antítese de branquitude e masculinidade. Quem não é pensada a partir de si mesma, mas por meio do olhar masculino e branco.
A cada seguida de segurança na loja, olhar de estranhamento quando estou em lugares que julgam não ser para mim, a cada “você deveria ser passista e não estudar filosofia”, a cada reportagem mostrando os números absurdos de assassinatos de jovens negros, de mulheres negras assassinadas, sei bem o que essa moça quis dizer.

Quando ligo a tevê e vejo pouquíssimos negros, penso viver na Escandinávia. Ser negra brasileira é sentir-se estrangeira no próprio país.
Patricia Hill Collins, intelectual estadunidense, afirma que o local em que as mulheres negras ocupam dentro do movimento feminista é o de “forasteira de dentro”. Por estar e ao mesmo tempo não estar, entende esse lugar como um espaço de fronteira ocupado por grupos com poder desigual, pois, ao mesmo tempo que essas mulheres estão dentro de algumas instituições, não são tratadas como iguais.
Collins aponta, porém, a necessidade de se tirar proveito desse lugar. O fato de sermos estrangeiras nos possibilita também estar num espaço de fronteira, num “não lugar” que pode ser doloroso, e é, mas também um lugar de potência.

Reconfigurar o mundo por meio de outros olhares pode ser uma perspectiva potente desse lugar, pois tem o poder de gerar algum pertencimento que não seja o de pertencer a uma sociedade doente e desigual.

Fonte: Geledés

Encontro de Reflexão e Lazer

Um momento de troca de experiências, cumplicidade, encontro com o "EU" que passa despercebido na correria do dia-a-dia, esse foi O Encontro de Reflexão e Lazer desenvolvido pelo Projeto Força Feminina com as mulheres atendidas. 




O dia ocorreu no Parque da Cidade no Itaigara conduzido pelas profissionais do CIEG - Centro Interdisciplinar de Estudos Grupais - Jane Carvalho e Angelica Souto que desenvolveram técnicas vivenciais de Grupos Operativos baseado na teoria da Psicologia Social criada por Dr. Enrique Pichon - Rivière, como: contribuir para a adaptação ativa do Ser Humano no meio social, promovendo a saúde psicossocial através do trabalho de grupo.


As mulheres se sentiram contempladas pelo momento preenchido por, alongamento, respiração, dança, música e trabalhos em equipe. Foi uma manhã especial!

Ao termino realizamos a culminância do encontro com um almoço coletivo.